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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

"Um passado, uma memória"

BASEADA EM FATOS REAIS. USADO NOME FICTÍCIO PARA O PERSONAGEM.


Esta história, que aos olhos de alguns pode parecer uma bobagem, foi e é uma lembrança marcante na vida de um cidadão. Conversa vai, conversa vem, eis que fui confiada a ouvir esse relato e, sob sua autorização, registrar aqui nessa página. Quem sabe, chegando aos ouvidos dos envolvidos, essas lembranças marcantes não  voam pra mais longe e, finalmente, esse "engasgo" vira apenas uma lembrança sem marcas...

Numa cidade do interior das Alagoas, uma família costumava se reunir tempos em tempos. Muitos vinham das capitais... E era aquele alvoroço bom de conversas trocadas, gargalhadas, risos e conversas muitas para se colocar em dia. Se instalavam na casa de um parente e ficavam por ali a dividir muitos cafés.  Vendo aquela parentada se reunir e vendo tantas crianças e adolescentes juntos, havia um garoto de seus idos 7 ou 8 anos, que vou chamá-lo de Pedro. Pedro frequentava também aquela casa para brincar... Afinal, ele também pertencia ao clã familiar. E quase todo dia ele estava lá correndo, brincando, revendo aquela gente toda! Era muito divertido! Corriam pela casa, pelo quintal! Naquela época, não havia, obviamente, nada de celular ou qualquer brinquedo eletrônico e não se tinha a malícia e a "modernidade" que se tem hoje. Falo por mim! Na época em que eu era criança e adolescente, eu costumava brincar rio acima, rio abaixo com meu irmão e uma tropa de garotos e apenas uma garota! Tudo era muito natural e nunca houve brincadeira de mal gosto. 

Enfim...Esse garotos corriam pra lá, corriam pra cá, no meio dos adultos... E aquela turma de meninos e meninas foram brincar, todos juntos, num dos quartos da casa. Era aquela gritaria! Mas, para a surpresa de Pedro, eis que havia saído daquele quarto uma conversa de que um dos meninos havia tirado uma brincadeira meio  maliciosa para com uma das meninas... Eram todos primos. E o negócio começou a tomar outro rumo. Segundo o garoto, alguns adultos começaram, naquele mesmo momento, a observar o que teria acontecido e quem haveria de cometer a tremenda "desonra" de mexer com uma das meninas. Segundo Pedro, nem todos os adultos se envolveram no plebiscito. E, os envolvidos, chegaram a conclusão: foi Pedro! 
A lembrança que lhe vem à mente foi a mãe da garota lhe chamando num canto da casa e lhe falando horrores! Sim... para um ser humano de 7 ou 8 anos, naquela época, as palavras daquela mãe deveriam lhe soar absurdas! E vinham palavras que diziam que ele não deveria ter brincado, ou ter mexido, ou ter tirado brincadeira maliciosa com a filha dela... Que nunca mais isso se repetisse... E, por fim, ela o encaminhou até a porta da sala, discretamente. Segundo Pedro, pelas suas lembranças, a cena se passou sem a dona da casa perceber que ele estava sendo convidado a se retirar daquele ambiente. E assim foi feito. Chegando do lado de fora da porta, ele, no ímpeto de menino, como se sua cabeça não conseguisse acreditar que aquelas palavras eram pra ele, ele tentou dar meia volta e tentar entrar na casa de novo. Para sua certeza e angústia, a mulher estava lá, plantada na porta e disse, discretamente, como que fosse pra ficar só entre ela e ele: "Vá pra casa! E só me apareça aqui quando eu for embora!".

O garoto retornou para sua casa, pensativo e triste. Não sabia o motivo de tamanha seriedade. Não havia feito absolutamente nada com quem quer que fosse. Se alguém tivesse tirado alguma brincadeira com a garota, não teria sido ele... Mas como ter maturidade de se explicar para uma mulher adulta, tomada de indignação e, como mãe, defendendo sua filha? E como se defender perante uma senhora que ele não tinha intimidade para conversar. Eram parentes-visitas.... Chegando em casa, nada falou. Nunca mencionou uma só palavra do ocorrido. 


Hoje, Pedro é um homem de quase 37 anos e, durante todos esses anos, só revelou essa história para uma única pessoa. A segunda a saber sou eu. Segundo ele, não que isso fique na sua mente mas, todas as vezes que passa nessa antiga residência onde essa história se passou, ele relembra cada detalhe. E, quando, de tempos em tempos, encontra essa senhora, mãe da garota, conversa normalmente. Ele diz: "Acho que ela nem se lembra mais disso. Eu também não guardo nenhuma raiva dela. Talvez, naquele momento, ela se convenceu que eu tinha feito alguma coisa, por alguma razão. Também nunca tive vontade de me explicar pra ela. Mas isso ficou na minha mente e me incomoda até hoje... Porque eu não tinha malícia com nenhuma de minhas  primas. Eu gostava era muito de brincar com todos eles, juntos. Eu corria que o suor descia e ria muito. Ela achou que eu fui malicioso por alguma coisa feita que nem me lembro o que. Fiquei incomodado com isso até hoje"

A história que aqui conto foi relatada por Pedro. Não me cabe explicar, justificar, nem acusar. Repasso apenas um relato dele, sob sua autorização. E, quem sabe... Eles dois, num bom café, num bom abraço, se expliquem. Cada qual com suas razões. A mãe da garota, a garota, Pedro... Todos são adultos e de boa convivência. E que  essa história tenha uma página nova! Afinal, quem não guarda suas lembranças e nunca se explicou ou nunca recebeu explicação, não é mesmo? A vida nos dá essa chance todos os dias! Pensem nisso!




terça-feira, 11 de outubro de 2016

"O fogo eterno"

"ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO. QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA"
          Num vilarejo, havia uma moça que, embora sua estatura física não fosse lá de abrir os olhos da curiosidade masculina, tal feito era compensado com "outros atributos". Vestidinho florido, andava faceira pelas ruas da cidade e, principalmente, do sítio, lugar de sua morada. Possuía um olhar triunfante, pernas bem definidas (se fosse nos tempos atuais, eu diria que malhava como ninguém. Ou... Eu diria possuir um affair pelo "pilates", graças ao seu dom natural por "alongamentos"). Rosto definido, quando olhava encantada para algum rapaz, sabia que seria difícil não atormentar o pobre moço com tantas qualidades. 
          O fato é que, depois de alguns namoros, Valentina (nome bem apropriado) se encantou por um fazendeiro, viúvo e pai de alguns filhos do seu primeiro casamento. Aliás, sua falecida tinha uma aparência angelical, mas já derrubou uma pequena construção ornamental na bala, só por ter sido contrariada por um vizinho. Enfim. Valentina e Amadeu se casaram no civil. Sim, seu nome vem da procedência de Ama - foi amado... e Deu - deu pra corno. Aquele pobre homem, embora lutasse com todas as suas forças, não conseguiu suprir o fogaréu de Valentina e o resultado foi catastrófico! Quando Amadeu não  podia descer a madeira, gemia que nem quisesse ser um Jack Sparrow (ator americano: O fantasma do caribe)... Ou, na luta por reconquistas diárias à sua deusa, um Clark Gable (ator de E o vento levou). Aliás, levou mesmo... Levou Valentina para muitos outros braços, mas nada lhe baixava o fogo penoso. 

A título de ilustração...

Jack Sparrow



Clark Gable


        




        A vida foi se estendendo e, segundo falatório (que ninguém escapa), era Amadeu gemendo de saudade numa ala da casa e Valentina gemendo com a música de Luíz Gonzaga, noutro canto (Carolina, hum hum hum). O pobre homem foi ficando velho e tirado daquela residência pelos familiares, para melhores cuidados. Vida que segue, Valentina recebe a visita de um moço bem mais jovem que lhe chegara a fim de tratar de negócios! Mal sabia ela que estava prestes a viver uma das maiores tempestuosas aventuras de amor e, para seu cruel destino, uma dor mortal. Eis que o candidato não resistiu aos encantos artifícios físicos e aprimorados de Valentina e ganhou o negócio e a dona. Viveram esse torrencial deleite por um bom tempo. Não saberia dizer se esse conseguiu segurar a moça no laço, mas o enlace carnal foi tão intenso que trouxe alguns desafetos. O rapaz, anos depois, foi embora.
          Como a vida é bem generosa e sabendo que a saia de Valentina ainda ansiava por ventos uivantes, já quase no fim da vida, viúva de Amadeu, Valentina, pela misericórdia, talvez de algum ser celestial, conheceu outro rapaz. Bem mais jovem, por sinal. Este seria, por assim dizer, a última tentativa de tentar tornar Valentina uma doce esposa, uma rainha do lar. Pois o moço conseguiu! Sim, ele teria o cardápio completo, digno de tornar Valentina uma das mulheres mais fiéis daquela região. O serviço doado por ele era tão eficaz que, para constatar o dito, o feitiço quis voltar contra o feiticeiro, mas Valentina provou que, perto da "última morada", ainda era a Valentina triunfante. Eis que uma moça tentou ter um tchaca de la butchaca com o companheiro de Valentina, mas não teria aguentado a ira daquele Hércules. Na hora do côncavo e do convexo, a moça esbrugou os olhos e pediu misericórdia, bem debaixo do pé de amora.  
          E assim, além de Valentina terminar os seus dias como uma verdadeira guerreira, ainda teve a chance de ser a guerreira para um único guerreiro e vice-versa.  Além de segurar o cabra, provou que tamanho não é documento. Salve Valentina!