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quarta-feira, 27 de maio de 2015

SEGREDOS

        Numa época em que a Inquisição impregnava com todo fervor na Idade Média, havia uma jovem com instinto vingativo que nada a atemorizava, nem mesmo a Igreja. Ela precisava a todo custo,  solucionar um grande segredo que a atormentava há anos. E, durante todos esses anos, ela passava horas pensando...




        Vivia numa isolada casa,  já que evitava contato com os demais. Sua solidão fomentava descobrir quem era aquele homem que, anos atrás, havia invadido sua casa, queimado e deixado sua família ao relento em nome da honra.


           Tudo ficou acabado. Com o passar do tempo, sua família foi reerguendo. Ela, Gioconda, com seu imaturo ar de liberdade, não entendia o porquê de sua família não lutar por justiça. Seus pais, com ar de segredos e amedrontamento, diziam não ser o melhor, visto que este homem podia estar ligado aos poderosos da Igreja. Mas isto deixava ela ainda mais intrigada! Ainda sem entender muito da vida, ficava pensando como alguém que fala em nome de Deus, podia fazer algo tão horrível. Ela conhecia sua família e sabia que tinham sua honra e honestidade.Mas aquelas palavras de seu pai, de que este homem podia ser alguém da Igreja, ficaram marcadas em sua mente e em sua vida.

          Com o passar dos anos, sua família se reergueu, tiveram sua normalidade de volta...E o tempo se passou. Seus pais faleceram de morte natural e ela, já adulta, guardava em si  o pedido que seu pai lhe fizera  em seu leito de morte: esquecer aquele horror para sempre. Assim, ela seria feliz... E partiu.

          Gioconda jamais havia esquecido.Havia algo que precisava ser esclarecido. Seus pais não demoraram a partir pra o mundo espiritual e ela, ainda mulher muito jovem, estava só.  Ela... E seu segredo.

          Pensando ser o culpado da Igreja como seu pai havia dito, escreveu uma carta ao convento da cidade para que, adentrando, pudesse estar mais próxima do Clero. 

           Nesse tempo, muita coisa lhe aconteceu. Foi cortejada, morou sozinha, enfrentou os desafios como mulher numa época de devassidão sexual e beatificação ferrenha.
           Começou a divulgar a notícia que estava querendo ir para o convento porque vivia sozinha e queria servir ao Senhor. Foi o álibi que usou para uma tentativa de aceitação que merecia ser vista pela aldeia e, principalmente, pelo convento. No entanto, sabia que a rigidez era quase insuportável e um dos requisitos era a castidade. Não sabia como isto era demonstrado dentro do convento. De que forma, numa época de grande tradicionalismo, podia provar sua castidade. Certa de que não queria ser freira pelo resto da vida, que queria apenas aproximação com o Clero para a sua vingança... Queria entrar, ganhar tempo, e ter um bom motivo para depois sair sem tanta burocracia. E assim os tempos se passaram e ela foi chamada.  

           Tomando coragem quase insuportável,  ousou se entregar a um homem qualquer pra usar isto como álibi para sair do convento, depois de resolver o pesadelo que acompanhara a sua vida...
          ... Dias depois, se foi rumo ao convento sombrio e sem vida...
         Durante sua solitária partida, um mundo se passou em sua mente: seus pais, este segredo, sua mãe sempre calada e a promessa que seu pai lhe pedira, mas que agora não podia cumprir. Precisava ir adiante. Até que, após longa entrevista, conseguiu entrar como treinamento no convento. Naquele momento, conseguiu convencer de sua castidade.
          Durante um ano conseguiu permanecer naquele lugar sem liberdade, de regras rígidas, sem calor humano, contida na dor da sua alma por ter se entregado a alguém sem amor e na dor da certeza de que não seria mais aceita para um belo casamento como sonhara e na grande dor da incerteza de não saber como tudo isso iria acabar. Seu peito se calava e seus dias eram quase insuportáveis.
          Para seu temor, a madre havia feito uma sigilosa pesquisa sobre sua vida e havia descoberto que Gioconda havia se entregado a um homem. Soube também de que sua família havia passado por esse drama. Achando ser Gioconda uma moça sem família, largada e vulgar, comunicou ao Clero da situação. Nada que Gioconda falasse lhe valeram de alento. Ainda tentou dizer que se sentia sozinha no mundo e seu destino era servir ao Senhor. Disse que não se entregou a ninguém, que havia sido violentada. Foi pior! A Igreja condenava toda e qualquer mulher que, se solteira ou casada, fosse tida com outro homem que não fosse o esposo, devendo ser queimada, pois o demônio a tomaria o corpo e, assim, a levaria a luxúria. Vendo-se acuada por todos os lados, teve a resposta do Clero: seu julgamento na Inquisição havia decretado a fogueira!!!!! Seu terror agora era ainda maior e seu tormento psicológico permanecia incansável! Por que sua mãe se calara?! Por que seu pai não levou a frente?! Sim, eles podiam ser condenados por essa gente! Mas o que havia por trás daquele ocorrido que eles nada falaram pra sua filha?! ... E o dia da fogueira havia chegado. Não se falava em outra coisa na vila.

          Aquele horrível momento chegou e tudo o que Gioconda havia passado a vida planejando, foi embora...
         No entanto, no meio daquele tumulto, surge um homem que vai em direção à fogueira pra livrar Gioconda da morte.

          Enfrentou espadas, gritos, correria e conseguiu chegar a tempo. O povo corria temendo ser uma Guerra Santa e o Clero presente, gritava: blasfêmiaaaa!!!! Ele, por fim, a tirou daquela fogueira e a levou pra muito longe.
          Longe de todos, estava Giconda e aquele homem por nome de Petrus. Ela nada entendia o que acontecia, mas conversaram muito. Na conversa, Petrus lhe falou de sua aversão pela intolerância religiosa. Disse que vivia sozinho há anos e falou um pouco de si. Que não temia a morte e não iria contrariar sua honra em nome da Igreja. Sentindo-se mais à vontade, Gioconda lhe falou de sua família, de sua vingança, de si...
          Petrus achava Gioconda encantadora. Seu corpo, sua liberdade, sua astúcia... E horas se passaram conversando, e ele não cansava de lhe observar.
          No meio daquela noite, em continuidade àquela conversa, Petrus percebeu que o destino deles havia, depois de tantos anos, se cruzado... Ficou muito assustado e atormentado. Aquela mulher... Não! Não podia ser! Mas o destino trazia tudo a sua mente de volta. Esta mulher, por quem lhe atraía tanto e havia salvado sua vida, era justamente a filha daquele homem que havia matado seu pai, o pai de Petrus. Tudo aconteceu quando o pai de Petrus havia molestado a mãe de Gioconda num campo de trigo, durante uma colheita. Por vingança e sem poder dizer nada para que sua mulher não morresse na fogueira, o pai de Gioconda tramou e matou esse homem impéfido. Daquele dia em diante, os pais de Gioconda foram morar naquela casa tão afastada e se mantiveram calados por toda a vida. Nunca o pai de Gioconda e sua mãe foram condenados à morte e nunca ninguém soube desse segredo,nem mesmo ela. Mas o que eles não sabiam era que Petrus sabia do caso e, tendo o pai morto, tratou de se vingar. Queria todos mortos. Estava cego de vingança e ateou fogo naquela casa, que era a de Gioconda. Temendo o passado, o pai dela tratou de não investigar e o silêncio permaneceu naquela família e, com isso, na época, foram morar ainda mais distante.
          Gioconda, até então sem nada saber, estava certa de que havia encontrado um homem que pudesse lhe ajudar na continuidade de sua vingança. Afinal, ele era destemido e não tolerava o Clero. Além de uma grande atração e admiração lhe percorria o corpo. A noite se passou e cada um foi para os seus aposentos. Ao amanhecer, Petrus havia partido enquanto Gioconda dormia. Estava atormentado. Não podia estar ao lado daquela mulher que lhe atraía tanto, mas que lhe trazia um cruel passado, apesar dela nada de culpa possuir. Além disso, sentia a crueldade de culpa e contradição: havia quase matado aquela mulher, ainda menina, na sua vingança. E agora, meio que por vontade de Deus ou do destino, era como pudesse se redimir um pouco, salvando-lhe a vida. Sua cabeça não estava suportando tantos fantasmas e tanta atração.
          ...E partiu para um lugar distante, silencioso, onde só o tempo lhe curaria a dor do passado que voltava à tona e a dor daquele amor que lhe desafiava. Não podia fingir que nada havia acontecido no passado. E um dia que ela soubesse, lhe odiaria e seu amor seria ainda mais trágico. Era como pensava...


         Enquanto isto, depois do grande tormento da ausência de Petrus e sem nada entender,Gioconda partiu fugitiva em busca de um novo abrigo e, quem sabe, encontrar o paradeiro de Petrus. Mas como? Não podia se comunicar com ninguém para não ser descoberta... E seguia em silêncio tentando achar pistas. Até que, por fim, encontrou uma isolada comunidade de mulheres jovens que haviam sofrido algum mal físico e, para não serem mortas na Inquisição, criaram um refúgio. Assim Gioconda viveu por muito tempo... Sem vingança... Sem entender o que havia acontecido com seus pais... Sem Petrus.
          Juntamente com as demais, vivia num isolado lugar, já que evitava contato com os demais. Sua solidão fomentava descobrir quem era aquele homem que, anos atrás, havia invadido sua casa, queimado e deixado sua família ao relento, em nome da honra.
         Será que um dia vão se encontrar? Será que Petrus contará tudo a ela? Será que esse amor terá sua história superada por tantos desafios?! O fato é que Petrus e Gioconda viviam isolados fisicamente e no seu passado. Aquela mulher... Nunca mais saiu de sua cabeça e de seu peito.



                                                                                                                Adriana Omena









  

segunda-feira, 18 de maio de 2015

18/05/15: Caruaru, 158 anos


          A cidade de Caruaru tomou forma por volta de 1681, quando o Brasil ainda era dividido em sesmarias (uma doação de terra para agricultura e criação de gado). A princípio, chamou-se Fazenda Caruaru, ganhou uma capela por nome Nossa Senhora da Conceição e, como muitos povoados, foi através dessa capela que foram se estabelecendo casas familiares, de comércio, enfim. Hoje esta cidade é a mais desenvolvida e a mais populosa do interior de Pernambuco e já recebeu alguns nomes: Princesa do Agreste, Capital do Agreste e Capital do Forró.
        No dia de hoje,a cidade vive inúmeras e intensas comemorações que vão de missa, desfile, show, atividades físicas e outras. E a Rádio Manchete do Rio de Janeiro despertou hoje o conterrâneo pernambucano Seu Nildo, que comprou muitos bonecos de barro a Vitalino (criador), para parabenizar a cidade e para que ele cantasse "A feira de Caruaru". Lindo, não?!
         Veja abaixo um pouco da cidade!

Bandeira da cidade




Estação atual



Ao fundo, Igreja N. Sra. da Conceição

Igreja N. Sra. da Conceição atual


Morro Bom Jesus

Morro Bom Jesus atual

Ao fundo, Igreja da Matriz
Museu do Barro. E outros museus distribuídos pela cidade.

Feira de artesanato

Feira de roupas e acessórios

Música clássica...

... E muito forró.



Cidade cenográfica
Palhoções de forró pela cidade

Bairro turístico com bares, eventos e feiras





        Quando tiver oportunidade, venha e conheça muito mais! É arretado de bam!